Jogos bonitos, brasileiros e educativos: A Curió Jogos na entrevista

Uma editora que veio ao mercado para fazer jogos de mesa moderno voltado aos pequenos, onde os produtos divertem e ensinar, a Curió Jogos nasceu com a intenção de colocar esses produtos no mercado brasileiro!

Na Divina entrevista o blog divino recebe as duas diretoras e fundadoras da editora, Graziela e Isabel, para tratar sobre como nasceu a editora, os jogos e muito mais!

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Curió jogos

Como nasceu a editora Curió Jogos? Qual é o foco principal dos seus produtos?
A Curió nasceu a partir de uma insatisfação nossa pela qualidade dos jogos para crianças que existiam no mercado na época. Durante o Carnaval de 2016, Graziela, que morava em São Paulo, veio para o Rio e, no play daqui de casa, enquanto nossos filhos brincavam, conversávamos sobre os jogos que eles ganharam no Natal e nos aniversários (minhas gêmeas e um dos meninos da Gra nasceram no fim de dezembro) e como eram frágeis. Fora que eram os mesmos da nossa infância. Havia muito pouca variedade.

Conversa vai, conversa vem, a gente se questionou: “Será que não dá para produzirmos jogos diferentes e que sejam de qualidade? Que sejam divertidos, mas também resistentes?”. Grazi propôs de fazermos nossa editora, focada em jogos para crianças de 3 a 10 anos. E eu nem pensei duas vezes: topei na hora.

Vale informar que, anos antes, tínhamos cogitado abrir um estúdio/editora de jogos de tabuleiro voltado para adultos… Mas desistimos desse projeto logo depois. Assim nasceu a Curió, com foco em levar para o mercado jogos bons, divertidos e que tivessem qualidade gráfica e em seus componentes. Optamos por nos concentrarmos no público infantil porque, como mães, estávamos envolvidas nessa questão, conhecíamos bem o que tinha para esse nicho e que eram produtos de má qualidade, pouco satisfatórios.

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Graziela e Isabel no BGSP

Quem são Isabel e Graziela?
Isabel: sou mãe das gêmeas Alice e Zoé, atualmente com 8 anos. Esse “status” é importante porque elas foram a razão para eu começar a Curió e seguir com a editora. Queria levar jogos bacanas para elas conhecerem. A Isabel é também jornalista, que trabalha intensamente na profissão e uma amante dos jogos de mesa.

Graziela: Sou física de formação, praticante de yoga e mãe de dois meninos, hoje com 9 e 10 anos. Sempre gostei de jogos, quebra-cabeças e problemas de lógica, mas foi durante o tempo que morei na Alemanha que me aproximei do mundo dos jogos de tabuleiro modernos. Hoje o amor pelos jogos é compartilhado pela família inteira aqui em casa!

Os jogos da editora são autorais? E as artes, também? Se sim para qualquer pergunta, a formação acadêmica de vocês ajuda na criação dos jogos?
A Curió, a princípio, é, sim, uma editora de jogos autorais. Macacos me Mordam!, por exemplo, foi desenvolvido por nós duas e o Quero-Quero por mim (Isabel) e Tânia Zaverucha do Valle, que é praticamente uma embaixadora da Curió.

Quanto às artes, para os dois jogos, optamos por convidar ilustradoras de livros infantis. Gostamos de trabalhar com mulheres e, nos dois casos, elas foram contratadas por nós a partir dos traços delas, com os quais nos identificamos logo de cara.

Isabel: Apesar de gostar muito de jogar, nunca me imaginei criando jogos. A criação caiu no colo, meio que no susto. Fiz comunicação social, especialização em jornalismo, e, diretamente, minha formação acadêmica não necessariamente me ajudou para criar jogos. Bom, mas também não atrapalhou. É importante ter uma visão ampla da sociedade, da vida – que a formação de jornalista traz –, para poder encontrar jogo em tudo e entender que qualquer coisa pode virar jogo. Enfim, viagens à parte, acho que aqueles profissionais mais próximos da matemática – e a Gra pode falar melhor sobre isso – têm uma vantagem muito boa para a criar jogos. Pelo menos os mais balanceados (risos)!

Graziela: Acho que a Física pode ser útil na criação de jogos sim, muito pelo conhecimento de matemática e programação que vêm da formação na área. Especialmente para jogos que precisam de balanceamento entre cartas, personagens e etc, não depender de outra pessoa para poder fazer os cálculos pode ser bem útil. Ironicamente, quando fizemos o Quero-quero quem fez os cálculos para balancearmos os objetivos não fui eu, mas um amigo nosso matemático…

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Graziela apresentando jogos em SP

Como foi o impacto da pandemia no mercado da Curió? Quando começaram a distribuir pela Bestmark distribuidora?
Antes da pandemia a Curió já estava sofrendo um forte impacto da nossa péssima distribuição. Éramos nós que vendíamos os jogos e, com os nossos afazeres paralelos – casa, filhos, trabalho, atividades extras – não dávamos conta. Às vésperas do distanciamento social/lockdown no Brasil, fechamos um acordo de distribuição com o Diego, da BestMark, e a partir de março de 2020 eles começaram a distribuir oficialmente nossos jogos.

Isabel: Para a gente foi essencial a parceria com a BestMark. Expandimos a distribuição com eles e agora nossos jogos são encontrados em outras cidades fora do eixo Rio-São Paulo. Mesmo com a pandemia, os números saltaram.

Graziela: Arrisco dizer que, sem a parceria, provavelmente a Curió não teria resistido à pandemia.

Lançaram ou pretendem lançar algum produto PnP?
Ainda não lançamos nada print and play. Não temos nada previsto para o momento, mas também não descartamos a possibilidade. Mas, para a gente, PnP tem que ter qualidade gráfica, uma ilustração bacana. A Curió evita ao máximo o improviso. A gente quer estar associado à qualidade. Então, não faríamos um PnP “qualquer” ou com ilustrações gratuitas. Teria que ser bem pensado.

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Mesa do jogo Quero Quero no evento Lady Lúdica, RJ

Quais os planos futuros da empresa?
No momento, é resistir. Estamos sem previsão de lançamento para este ano. Infelizmente, estamos com pouco tempo para nos dedicarmos com mais afinco na criação de jogos e edição de jogos. Vamos tocando como podemos.

Deixem uma dica divina para quem quer embarcar na ideia de ter uma editora própria de jogos de mesa!
Criar uma editora requer paciência e vontade para encarar burocracia. Criar jogo é só uma partícula das funções de uma editora – que nem precisa criar, né, pode só comprar os direitos de um jogo. Mas é preciso encontrar uma boa gráfica, encontrar a ilustração certa para aquele jogo, é ler o site do Inmetro com curiosidade, encontrar a certificadora para seus jogos – caso sejam jogos voltados para as crianças. Dito isso, a dica é: faça tudo conforme as regras do jogo. Ou seja, se é jogo infantil, vá atrás da certificação. Dá trabalho, mas você deita e dorme com a consciência tranquila.