O canadense mais brasileiro dos jogos de tabuleiros

Agora em março a entrevista é com que ele, um canadense de coração sem fim, mais brasileiro que muitos brasileiros. Um autor de jogos diversificados que já publicou dentro e fora do país, além de também já ter colaborado com projetos internacionais de outros criadores de jogos.

Esse é o Ron Halliday, uma figura carismática no mundo dos jogos de tabuleiro brasileiro e que ainda vai mostrar muitas boas surpresas para nós! Entrevistado de março na coluna Divina entrevista!

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Quem é o Ron Halliday?
Sou cartógrafo profissional, board game designer semi-profissional e atleta definitivamente amador! Tenho vinte e cinco anos de carreira como cartógrafo e há seis anos comecei a elaborar jogos de tabuleiro no meu tempo livre, nos intervalos entre projetos profissionais. Sou canadense, mas moro na América do Sul desde 2004 e em 2019 mudei para São Paulo.

Como começou a carreira de criação de jogos de mesa?
Em 2013 conheci o dono de uma editora peruana no evento Lima Comics. Já no ano seguinte, um colega da minha esposa nos convidou para conhecer “jogos de tabuleiro modernos” e desde então fiquei enamorado por eles. Em 2015, faltando um ano para voltar ao Brasil e sem compromissos profissionais, resolvi tentar elaborar meu próprio jogo. Entrei em contato com o dono daquela editora, perguntei sobre o tipo de jogo que ele estava a fim de publicar e o resultado foi Psychomachia.

Você é canadense, mas vive no Brasil há bastante tempo. A mudança para o Brasil influenciou no seu processo criativo? Se sim, de que forma?
Influenciou sim, pois logo depois que Psychomachia foi publicado – faltando dois meses para voltar ao Brasil – eu comecei a elaborar meu segundo jogo pensando no público brasileiro. O tema que achei mais interessante para explorar foi o futebol e dali nasceu Revanche. Mais recentemente fiz o Carnavalesco, um outro jogo com outro tema nacional pouco explorado. Cada vez mais tenho ideias para jogos com conteúdo brasileiro. Por exemplo, na semana passada tive uma ideia para um jogo com árvores e já estou vendo se elas podem ser ipês…

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Carnavalesco. Foto: Ron Halliday

Quais jogos seus já foram publicados, dentro ou fora do Brasil? E quais jogos ainda estão em negociação?
Psychomachia foi publicado no Peru em 2015. Recentemente assinei o jogo com uma editora brasileira, mas não tenho data firme do lançamento, não posso comentar mais do que isso.

O protótipo do Revanche foi tão bem recebido que acabei produzindo uma centena de exemplares para vender em Brasília e deixar com editoras no evento Diversão Offline. Todas as editoras que toparam jogar Revanche comigo durante o evento me oferecerem contratos! Infelizmente o jogo não andou para frente com a editora que escolhi e acabei pegando ele de volta há pouco tempo.

Seven Bridges é meu primeiro jogo que foi publicado simultaneamente no Brasil e no exterior. Assinei o jogo com uma editora americana e posteriormente com a FunBox que jogou o protótipo final e fez questão de entrar junto no financiamento coletivo dele.

Meu jogo mais recente – e meu primeiro com tema realmente nacional – é Carnavalesco, que deve chegar no Brasil no segundo semestre do ano!

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Revanche. Foto: Ron Halliday

E sobre os jogos onde você participou com suas habilidades de cartografia?
Seven Bridges é de longe o jogo no qual eu mais utilizei meu conhecimento de cartografia, pois o propósito dele era casar um mapa real com um jogo. Acho que consegui!

Recentemente fui contratado para elaborar o mapa do jogo HikeIt! que deve entrar no Kickstarter no meio deste ano. Além disso, também recentemente um designer internacional conhecido entrou em contato comigo para saber se eu queria elaborar o mapa do futuro título dele, portanto fiquem ligados!

Por favor, deixe uma mensagem com dicas para quem quer seguir na carreira do mercado de jogos de tabuleiro!
Não perca muito tempo e dinheiro nos seus protótipos antes de colocar eles na mesa! Nesta primeira fase, deixa a qualidade do jogo em si ganhar os jogadores, não a qualidade da arte ou as componentes.