Conheça Galbs Games e o seus jogos com temáticas brasileiras

Salve, salve leitores divinos! Esta é a segunda Divina entrevista e, ao invés de um autor, dessa vez os entrevistados foram dois amigos que formaram uma editora: a mineira Galbs Games!

Através da publicação de jogos nacionais independentes, a Galbs Games começou com o Vela, um jogo com contexto crítico e político, porém com uma mecânica leve e focada em partidas familiares. Confira abaixo mais informações sobre essa parceira divina!

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Quem é a Galbs Games?
A Galbs Games é uma editora de jogos de tabuleiro, que nasceu em 2019 em Belo Horizonte, Minas Gerais. Focada em temáticas brasileiras, a Galbs traz jogos que proporcionam reflexões sobre temas sociais, culturais e ambientais. Acreditamos que jogos, assim como toda forma de arte, refletem o contexto político, cultural e social do lugar onde foram produzidos, e por isso sempre buscamos trazer mais do que apenas diversão: trazemos em nossos jogos o que nosso país vive. Entre nossas diretrizes estão o respeito à diversidade de ideias e identidades, aos direitos humanos e ao meio ambiente, e o apoio mútuo entre desenvolvedores, jogadores e editoras. Evitamos o uso de plástico em nossos jogos e sempre buscamos que nossa produção seja nacional.

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Gabriel Santana e Felipe Galéry

Como começou a editora?
A Galbs nasceu em março do ano passado, 2019, em Belo Horizonte. Somos Felipe Galery (Gal) e Gabriel Santana (Gabs), ambos músicos de formação e com experiência profissional diversificada (ensino, empresarial, voluntariado). Atualmente temos um jogo lançado – o Vela – e dois jogos prontos que seriam lançados em Março o Lençóis e o Interceptor, além de um jogo que abriremos o Catarse esse ano, o Marãná.

Os novos jogos foram lançados em julho!

Em se tratando de lançamentos, quais são os jogos da Galbs?
Até o momento são todos brasileiros. O Vela, lançado em dezembro de 2019, foi o nosso primeiro título e é um jogo sobre a mineração em Minas Gerais. Começamos a desenvolver o Vela logo após os crimes da mineração em Brumadinho e apesar disto é um jogo leve (crianças adoram!), mas com uma visão crítica sobre a forma como a mineração é conduzida no nosso país. Como gostamos de dizer, Vela é um jogo, uma denúncia e uma memória.

O Lençóis e o Interceptor são irmãos gêmeos (risos!), ambos foram feitos para os desafios da Button Shy Games e serão publicados juntos. Lençóis é um jogo de 18 cartas para 2-6 jogadores ambientado nos biomas dos Lençóis maranhenses e piauienses, cuja mecânica é inspirada em Love letter. Interceptor foi feito para um desafio internacional de jogos com todas as cartas iguais e foi o vencedor dentre 228 jogos participantes! Possui temática de política brasileira tem como objetivo combinar códigos secretos e passar para seu parceiro sem que os adversários percebam. Será lançado aqui por nós e licenciamos para que a Buttonshy Games lance nos Estados Unidos. Aqui o post no Instagram da Buttonshy sobre o jogo e o vídeo no Youtube onde eles nos anunciam como vencedores.

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Vela, primeiro jogo da Galbs Games

Por fim, o Marãná é um jogo de cartas com temática indígena e mitologia brasileira que tem 90 cartas únicas! São 3 baralhos fechados e seu principal diferencial é que o posicionamento das cartas no campo é fundamental e estratégico. Íamos abrir o financiamento coletivo dele em maio, mas com a pandemia de coronavírus nosso calendário já atrasou, mas tudo está bem encaminhado.

Poxa, parabéns por vencer o concurso internacional! Me escreve mais sobre essa experiência.
SIM, ganhamos o primeiro lugar! Foi um concurso lançado em setembro do ano passado (2019), onde os participantes tinham um mês para fazer um jogo com exatamente 18 cartas e todas tinham que ser cartas idênticas. Divulgamos pouco na época sobre a nossa participação por estarmos 100% focados em produzir um jogo de qualidade. O jogo não podia ter nenhum componente extra, somente as cartas, e nesse concurso tiveram 228 participantes do mundo inteiro! Até onde sabemos, apenas dois brasileiros ficaram entre os 20 melhores: nós e o Iaggo, diretor da Diceberry.

NOTA em 04/08/2020: Em contato com o blog Meeple Divino, a Diceberry editora também informou que o game designer brasileiro André Teryua também ficou entre os brasileiros finalistas do concurso em questão.

Qual foi o grande prêmio para o vencedor?
Além dos 100 dólares de prêmio, a Button Shy ofereceu uma publicação internacional (algo bem importante para o nosso crescimento como editora!). Fechamos um acordo onde eles podem publicar lá fora e a gente aqui no Brasil. A versão brasileira foi totalmente produzida aqui, enquanto a versão estadunidense conta com as ilustrações do Andrew Bosley (Tapestry, Everdell).

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Interceptor, vencedor do concurso da Button Shy

Vocês pretendem licenciar jogos e trabalhar com outros autores brasileiros?
Até o momento estamos trabalhando apenas com jogos nossos, porém pretendemos trabalhar com jogos de outros autores nacionais mais para frente. Todos os nossos títulos seguem a linha de temáticas brasileiras e geralmente possuem temas que envolvem críticas e reflexões sociais, além de terem sido ilustrados por mulheres (são 9 ilustradoras/designers até o momento). Todos eles possuem produção nacional e evitamos o uso de plástico pensando no meio ambiente.

Artistas e eventuais designers convidamos para cada projeto, de acordo com a necessidade dos mesmos. Até o momento estamos trabalhamos apenas com artistas mulheres e uma pessoa não-binária. Não é uma regra fixa nossa, foi algo que aconteceu organicamente, entretanto temos essa preocupação em valorizar a produção de grupos sociais que não costumam ter as mesmas oportunidades de apresentar seu trabalho.

Nós dois acreditamos que as reflexões sociais que trazemos nos nossos jogos começam muito antes do produto final, por isso sempre buscamos valorizar e inserir diversidade em todas as etapas de produção do jogo. Então trazemos (e queremos trazer muito mais) mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBT+ para o cenário de produção de jogos!

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Lençóis

Planos futuros da Galbs Games?
A ideia é continuar crescendo com o que a gente faz: jogos que incentivam a produção nacional, trazem críticas e sejam divertidos. Também continuar mantendo essa relação próxima com toda a cadeia de produção: fornecedores, designers, editoras, artistas, divulgadores, lojas e consumidores. Valorizar os jogos nacionais do início ao fim da produção.

A gente aprendeu e ainda está aprendendo muita coisa com todo o processo de criação e produção. Foi um trajeto que a gente começou a percorrer sozinhos e encontramos muita gente no meio do caminho! Por outro lado, apesar do trabalho todo, isso traz uma relação muito próxima e um conhecimento mais profundo de toda a cadeia de produção. Somos amigos de muitos designers, editoras e lojistas, então com isso a gente entende a demanda que cada um desses grupos têm e o que a gente pode fazer no meio disso tudo. Conhecer todos os passos e dificuldades de cada etapa da produção de um jogo permite que a gente saiba manter o pé no chão em todas essas etapas, sem desvalorizar o trabalho de ninguém.

Agradecimentos divinos à Galbs Games por participar da segunda Divina entrevista. Infelizmente não pode ser publicada em julho, então este mês de agosto teremos 2 entrevistas.

Para quem não leu a anterior, pode clicar aqui e ler tudo na íntegra (é grátis!). Se você quer participar de uma entrevista dessas aqui no blog, entre em contato através do formulário ou pelo email contato@meepledivino.blog.br.