Eu e as vozes na minha mesa jogamos Dany

Dany é um jogo festivo de cartas criado pelo francês Phil Vizcarro, lançado lá fora em 2019 e que chegou ao Brasil em 2022 através da carioca Buró Editora. As artes ficaram por conta do também fracês Antoine Baillargeau.

Agradecimentos divinos à editora parceira pelo envio do jogo! Agradecimentos divinos também ao evento Jogaê por proporcionar uma mesa cheia de vozes para jogar junto!

Mecânicas
– Apostas e blefes
– Dedução
– Jogo em Equipe

Dany é um jogo de equipe, ou de times, onde um jogador Dany: o Dany, a Dany, como quiser. Dany quer se livrar das vozes em sua mente e as vozes, é claro, querem continuar dentro da mente, falantes como sempre foram.

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Na vez do jogador, independente se ele(a) é Dany ou apenas mais uma voz, uma carta com palavras será aberta na mesa para que todos veja e esse jogador(a) pega um carta que contém um número, de 1 a 5. Este número representa qual palavras que todos a mesa precisam adivinhar corretamente… ou não.

Através de cartas pretas de memória que são ilustradas de forma (bastante) abstrata, o jogador da vez tenta indicar qual é a palavra correta. Entretanto, se o jogador da vez é Dany, então provavelmente vai querer que todos errem, pois cada erro é um ponto de vitória para Dany e cada acerto, um ponto para as vozes que são os demais jogadores.

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Dany sendo jogando no evento Jogaê, 2023. Foto: @jogae.evento/instagram

No momento de colocar as cartas de memória, nada mais pode ser dito pelo jogador da vez. Também nesse momento, o jogador anterior ao jogador que agora está calado se torna a voz dominante da rodada e tem a palavra final em qual número está a palavra correta. Sim, Dany pode (e deve!) induzir a mesa a errar nesse momento. Após a tentativa de acerto (ou erro) da palavra na rodada atual, a carta de número é revelada e passa a ser a vez do próximo jogador.

A partida transcorre dessa forma até uma das três situações de final de partida ocorram: a quantidade de cartas de memória seja inferior a sete, ou Dany faça 3 pontos ou ainda as vozes façam 6 pontos. Se caso ocorra um dos dois primeiros, então acontece uma votação onde as pessoas vão tentar adivinhar quem é Dany, como uma última tentativa de vitória das vozes.

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Exemplo de ilustrações

Considerações divinas
Dany é um jogo que coloca os jogadores em situações comuns a jogos festivos: papéis ocultos, times separados, traidor, adivinhações e acusações a toda rodada. Isso não é novidade e é visto em Resistance, Nofestaru, Dixit e tantos outros títulos no catálogo brasileiro em geral.

Aqui, entretanto, existe uma espécie de “reloginho” onde a competência da mesa em acertar ou errar as palavras, rodada após rodada, pode simplesmente acelerar a vitória de Dany. O que pode acabar tornando a experiência levemente maçante em Dixit por exemplo, com tantas e tantas rodadas rumo à tantos pontos de vitória, não existe em Dany, pois o erro dos jogadores “das vozes”, que são a maioria, pode levar a uma possível vitória acelerada de Dany.

O jogador ou jogadora que assume o papel de Dany não possui tanta pressão em cima de si como em Spyfall por exemplo, pois basta algumas respostas erradas que o jogo avança (o tal efeito de relógio mencionado) e ainda avança bem para si. Sempre vão existir algumas respostas erradas, pois as imagens levam a diversas interpretações ao mesmo tempo. Um dos pontos altos do jogo é esse: a discussão sobre o que é, porque é, como é que a dica em imagens presentes leva a tal palavra na lista. Ás vezes, nem São Meeple ajuda a entender.

Resumidamente este foi um jogo que veio para ficar na coleção de jogos festivos, pois apresenta uma jogabilidade interessante que mistura elementos de outros jogos em uma partida que possui tempo para acabar, mas ao que mesmo tempo gera risadas, adivinhações controvérsias e o mistério de quem é Dany, afinal de contas.