No fim, apenas 10 jogos de tabuleiro representam a humanidade

Tudo começou com uma brincadeira sadia do amigo, fã do blog, mestre em jogatinas com cartas, paulista com cara de mineiro e também produtor de conteúdo Raphael Gurian lá na Ludopedia: e se o mundo acabasse e a humanidade resolvesse enviar ao espaço apenas 10 jogos de tabuleiro para nos representar?

Vixe… Nas palavras do próprio, “Esses são os jogos que eu eternizaria para a posteridade e que de alguma forma hoje eu reconheço como representantes do hobby. Eu sei que muitos ficaram de fora, e as escolhas foram realmente muito difíceis, porém o governo mundial me concedeu apenas espaço para 10 caixas (…)”, o que cria um desafio para criar texto de forma concisa e muito divertida. Lançou o joguinho na mesa, tamos aí jogando!

A lista dos dez jogos não é algo que mire nos “dez melhores jogos de todos os tempos”, até porque tudo que é focado em “lista” é algo essencialmente pessoal. O texto abaixo nada mais é do que uma criação divertida, a partir de uma brincadeira de um amigo, que foca em tratar de jogos de tabuleiro de forma mais branda no geral e eclética, sem considerar necessariamente o pessoal ou “top 10 pessoal” do blogueiro que vos escreve. Quando cheguei ao final da lista confesso que fiquei satisfeito com o resultado, depois de pensar bastante no assunto.

Em se tratando de “final”, ao final do texto vou marcar três pessoas do qual gosto do material que produzem para que façam suas próprias listas (em qualquer tipo de mídia), bem corrente do Orkut. Vamos que vamos!

O todo poderoso: Village e suas expansões Port e Inn
Para mim a mecânica de “alocação de trabalhadores”, onde é necessário colocar uma peça ou meeple em um espaço no tabuleiro para executar uma função para o jogador (uma ação, coletar recursos, etc), é a melhor que existe. Uma mecânica objetiva, divertida e fácil de entender. Diversos jogos possuem essa mecânica, mas para mim Village é o que melhor une o tema às mecânicas do jogo, sem contar que as expansões acrescentam novas formas de se jogar, novas regras e mais conteúdo ainda. Simplesmente divino.

Village até hoje ainda é o meu jogo favorito e, sem sombra de dúvida, representaria muito bem a humanidade em termos de “alocar trabalhadores” com um tema medieval, além de ter dezenas de cubinhos, pecinhas e recursos para agradar o coração de qualquer fã de jogos ao estilo “euro”, seja humano ou não.

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Aquele que (quase) sempre agrada: 7 Wonders + Expansão Líderes
Dificilmente vai se encontrar por aí pessoas que não gostem de 7 Wonders, seja sua primeira ou segunda edição (porém esses seres estranhos existem), seja a versão mais antiga do jogo ou a versão para dois jogadores apenas, o 7 Wonders Duel. A mecânica de “draft” (algo como “pegar e passar” em português) ou ainda a “seleção de ação simultânea” onde os jogadores escolhem planos para o seu turno e os revelam simultaneamente são os principais pontos de diversão e satisfação desse jogo. O tema do jogo passa um pouco longe, apesar de se encaixar bem com tudo do jogo, ainda que com alguma abstração.

A expansão “Líderes” acrescenta uma fase extra ao jogo, a escolha de líderes históricos que trazem habilidades diversas ao jogo, o que faz com que cada partida seja diferente da anterior pela estratégia imposta pelas cartas de líderes. Claro que não baixar uma carta de líder é sempre possível, mas daí o desafio extra a diversão ficam de fora.

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O antigo embaralhador: Ascension
Sim, eu sei que existem jogos mais estratégicos e focados como Dominion, mas Ascension consegue ser interativo sem ser chato, possuir um final pré-determinado que não demora a chegar, além de focar na segunda melhor mecânica que existe em jogos de mesa: construção de baralhos.

Existe um prazer em lidar com cartas que vão aumentar seu baralho e possibilitando novos combos, novas regras e novas possibilidades para a vitória, tudo isso com uma “ampulheta” que é o gatilho de final da partida. Aliado ao tema de fantasia e as artes maravilhosas de Eric Sabee, um jogo de construção de baralho que não demora tanto se torna algo essencial na representação humana. Pena recebeu pouco amor por aqui (não é a toa que a humanidade vai acabar).

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A fofoca noturna: Nosferatu
Um dos melhores jogos festivos criados onde a gritaria não reina solta, mas sim ao lado das acusações de onde está o vampiro e quantos jogadores jogaram naquela rodada para tentar saber em qual “região” o vampiro está. A segunda edição jogo, já esgotada no mercado, traz 2 vampiros, até 10 jogadores e muito mais risadas.

E quanto a fofoca? Esta é uma carta real do jogo que atrapalha realizar rituais para tentar encontrar o vampiro! Se a humanidade vai acabar, vamos mandar fofoca e vampiros para o espaço porque sim!

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Pedras de madeira para construir: Imhotep
Este sim é um jogo bem pouco conhecido no mercado, uma joia que usa “pedras” (cubos) de madeira para construir partes diferente de uma pirâmide, enquanto se disputa pontos com diversas pequenas mecânicas (cartas, visão espacial, maioria, etc) com os oponentes.

Cada partida se torna única na disputa pelo poder em cada região ou por quem vai usar qual barco para levar as pedras para tal região. Vale o investimento, inclusive nas promos, além de representar bem um importante período histórico com mecânicas e tema divertidos.

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Brincar de plano cartesiano: Targi
Ao usar as coordenadas vertical e horizontal os jogadores posicionam seus meeples para capturar uma carta, seja pagando recursos ou adquirindo recursos do jogo. Porém existe a figura do ladrão que atrapalha a jogada a cada turno em uma posição diferente no tabuleiro modular feito de cartas.

Unir algo da matemática, com a diversão do tabuleiro, com um tema pouco trabalhado, com mecânicas muito bem implementadas é representar muito, mas muito bem a humanidade.

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O querido nacional: Os incríveis parques de Miss Liz
Se tem um jogo nacional que merecia mais amor do que já tem, esse é “Os incríveis parques de Miss Liz”. Bom, bonito, barato e euro, não tem como errar. Ainda tem o tema de parque de diversões, algo que todo mundo gosta enquanto estava vivo na Terra. Maquina de pontos e gestão de peças podem demonstrar aos alienígenas que os “brasileiros” da raça “humanos” eram ótimos criadores de jogos também!

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Um jogo moderno para aliens iniciantes: Stone Age
Se tem um jogo que reúne bem todas as tribos do mundo dos jogos de tabuleiro é Stone Age. Um jogo ao estilo “euro”, clássico no Brasil e lá fora, que tem uma legião de fãs seja pela sua jogabilidade simples (role dados, pegue recursos, faça pontos), seja pelo tema nem tanto trabalhado nos diversos tabuleiros por aí, pela linda arte de Michael Menze ou ainda por uma junção de tudo.

Esse chegou ao Brasil e costuma acabar rápido. Para contar um pouco da história antiga da humanidade, de quando ainda caçávamos em bando e com pedaços de madeira, Stone Age é sem dúvida uma ótima opção (e para sua coleção também!).

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O desenho, a grade e o outro brasileiro: Cartógrafos
Bom, bonito, barato, brasileiro, bem-visto e brasileiro… esse é o Cartógrafos que até hoje nunca vi desagradar uma mesa sequer. Uma caneta para cada um e vamos às forras de combos e pontos diversos, sempre visando ter uma rodada melhor que a anterior.

A representação humana? Na nossa capacidade de criatividade com alta qualidade!

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Petelecos de gelo: IceCool
Nessa divina lista seria quase obrigatório a presença de algum jogo de destreza de IceCool é um título que veio para mercado nacional para conquistas corações e dividir opiniões, claro. Aos “euroborings” os petelecos são meramente passatempo infantil e para quem gosta de dar risadas por qualquer motivo não existe desculpa para não jogar um jogo que envolve petelecar pinguins de plástico em busca de peixes de vitória. É isso aí!

Aqui não tem qualquer qualidade voltada para representar a humanidade, eu só acho que faltou algo de “destreza” na lista… é isso aí.

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Chegou o momento do convite! Deixo aqui o convite para o polêmico Augusto Raugust do canal de vídeo Aberto para conferência, mais um convite para André Souza do blog Jogando mais e por fim para Bruno Bombardium do canal Versus, lá na Ludopedia.

Vale também mencionar o divino texto de Iuri Buscácio que foi convidado junto comigo para a brincadeira. Agradeço o convite do Raphael para a brincadeira e um abraço um divino para todos!