Jogos de tabuleiro como ferramenta de educação

Se você leu nossa apresentação aqui no blog, já sabe que somos um casal cujo hábito de jogar jogos de tabuleiro, os tais jogos de tabuleiro modernos, como passatempo e também em nossas práticas educacionais acabou por evoluir e se tornar nossa empresa de Educação, a Tabuleiros: Educação Criativa.

Bom, nesse e nos próximos dois textos vamos aprofundar um pouquinho cada um dos elementos da empresa, a começar pelos tabuleiros em si.

Afinal, por que usar os jogos de tabuleiro com ferramenta de educação?
É certo que as metodologias de educação têm evoluído em sua forma e nos instrumentos usados para ensino. Seja a tecnologia que abre portas virtuais, seja a implementação de elementos da cultura do aluno ao dia a dia educacional, como gibis, peças de lego e claro, os jogos de tabuleiro!

Optamos por essa abordagem por pelo menos  10 razões:

1º) O lúdico é nossa forma natural de aprender
Você já reparou como crianças brincam com mãos e pés, testam a gravidade e interagem com o mundo a sua volta? Essa é a forma biológica do cérebro experimentar e se divertir com o resultado dos experimentos!

2º) Aprender deve ser divertido!
Em que fase da vida aprender deixa de ser legal? Por que fazemos essa separação e sistematização do ensino de tal forma que deixa de ser prazeroso e vira uma obrigação punitiva? Com certeza não precisa ser assim!

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Foto: Amazon

3º) O jogo reduz a sensação de frustração, substituindo-a pelo desejo de repetir a ação na busca pelo sucesso.
Não é necessário punir o erro quando ele faz parte do processo natural de aprendizado! Em um jogo, diferente de uma prova, quando se erra existe a sensação de desafio em fazer melhor e ir mais longe dá próxima vez. A evolução é estimulada e não a perfeição!

4º) O jogo promove o engajamento.
Em menor ou maior grau, somos competitivos. Se não com os outros, com nós mesmos e nossa superação. Jogar, torna a atividade mais atrativa e desafiadora, nos fazendo querer permanecer nela.

5º) O analógico estimula outros sentidos como o tato, visão periférica e também a meta linguagem e interpretação de emoções.
Nossas memórias não são feitas de textos ou mesmo imagens. Elas são um conjunto de sensações e emoções. Jogos de tabuleiro promovem muito mais interações do que apenas as contidas no jogo! Desde a mesa e o lugar onde joga, até como se joga os dados e interage com as demais pessoas, tudo soma ao seu registro mental da partida.

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6º) O jogo de tabuleiro permite a interação de várias faixas etárias e equilibra chances de vitória.
Claro que há jogos para diferentes faixas etárias, mas quando se exclui pré requisitos ( como familiaridade tecnológica ou velocidade de estímulos  à coordenação visomotora) a tendência é ter uma barreira de entrada menor e mais convidativa a diferentes idades. Soma-se a isso o elemento sorte ou aleatoriedade  que muitas vezes redistribui as chances de vitória.

7º) Jogar junto reforça laços emocionais e cria memorias afetivas. Esse tipo de memoria tende a ter maior retenção, favorecendo o aprendizado.
Quem não se lembra de um momento de risada com amigos ou da sensação de passar as tardes junto de pessoas que gosta, se divertindo. É possível que você se lembre, mesmo inconscientemente, até do cheiro de um lugar onde passou bons momentos. Esse tipo de memória tem maior durabilidade em nossas  mentes.

8º) Os jogos favorecem a multidisciplinaridade de forma natural.
Imagine o tradicional jogo “WAR”. Mesmo que o objetivo de sua criação seja o entretenimento, é possível utiliza-lo para despertar diversas curiosidades e ganchos educacionais: Quantos são os continentes?  Quais os nomes dos oceanos? Como os navegadores se localizavam para ir de um continente ao outro? Usavam bússola? Como ela funciona e o que é rosa dos ventos? Usavam estrelas? Hummm, podemos estudar astronomia… Que povos fizeram essas navegações? Podemos estudar história… Na verdade, nas perguntas anteriores tinham ganchos para geografia, português, matemática. Afinal, qual a probabilidade de 16 exércitos atacando com 3 dados D6 vencerem 10 exércitos inimigos defendendo com dois dados?

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Foto: Science News

9º) Jogos analógicos são mais democráticos quanto ao acesso.
É verdade que jogos eletrônicos também evoluíram quanto ao acesso, diferente de quando eram restritos a cartuchos caros para videogames também caros. Hoje, há jogos gratuitos para celular… Mas ainda não e realidade em uma sala de aula todos os alunos com suas próprias plataformas e tão pouco a criação dos jogos por eles ou mesmo seus professores. O jogo de tabuleiro está a uma folha e caneta de distância.

10º) Os jogos de tabuleiro estimulam a criação de novos jogos pelos próprios alunos!
Sim, CRIAR e algo fundamental para a aprendizagem! Imagine em uma sala de aula ou na sala de casa ser desafiado a criar um jogo sobre a chegada dos portugueses ao Brasil… E se o único competidor não fosse o Cabral? Mas uma corrida de embarcações para chegar, fixar residência e levar provas ao rei que era possível estabelecer colônia. Ou ainda, que a sua equipe era a mais lucrativa na exploração da madeira ou ouro…  E se os índios oferecessem resistência? E se fossem ajudados pelos outros competidores para te expulsar da área que você está controlando?

Se você já é um jogador de jogos de tabuleiro, certamente sua mente já o levou para algumas mecânicas e até mesmo jogos similares. Se é pai, mãe ou professor(a), esperamos que tenha conseguido perceber o potencial que esses jogos têm de dialogar com os “aprendentes” e servir de fio condutor da criatividade para um objetivo educacional especifico.

Nós da Tabuleiros entendemos que nossa missão não é “vender jogos” e sim contribuir para que cada vez mais essa ferramenta seja utilizada em ambientes de aprendizagem.  Sobre aprendizagem, no nosso próximo encontro, vamos responder a pergunta: Afinal, o que é educação? Até lá!