Resenha – Bao

“O Bao é conhecido como o mais intrincado e atraente de todos os jogos de mancala, oferecendo variações estratégicas e táticas a seus jogadores, comparáveis ao do Xadrez.” – Página oficial do jogo

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Bao e Onweso fazem parte de um único conjunto de jogos lançados aqui no Brasil pela Mitra como um único produto. Originários da África, ambos os jogos são variações da mancala, também africano.

Agradecimentos à editora Mitra pelos jogos! Essa é uma resenha apenas do jogo Bao.

Mecânica
– Movimento ponto-a-ponto

No abstrato Bao, cada jogador(a) precisa derrotar seu oponente através de duas situações específicas que independem entre si. A primeira dela é deixar seu oponente sem peças na primeira fileira do seu lado do tabuleiro. A segunda é fazer com o mesmo não possa movimentar mais nenhuma peça na sua vez. Quando uma dessas situações acontece, a partida se encerra.

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Componentes da versão da Mitra

O jogo é dividido em duas fases distintas: na primeira delas 22 peças ficam do lado de fora, na mão de cada jogador, e são introduzidas no jogo. Já na segunda fase, quando todas as peças já estão em jogo, a movimentação dos jogadores é mais limitado e a partida já se encaminha para o seu final.

A movimentação das peças se dá de maneira bem particular. Primeiramente, existem oito casas por duas fileiras horizontais (totalizando 16 casas para cada jogador) onde, na primeira fase do jogo, cada jogador(a) primeiro coloca uma peça da sua mão em uma casa já ocupada – do seu lado do tabuleiro – e depois movimenta todas as peças daquela casa para uma casa adjacente, sempre deixando uma peça por onde passa. Na prática, se um jogador pega 4 pecinhas em sua jogada, ele vai se movimentar por 4 casinhas para um lado. A direção do movimento varia de acordo com a localização no tabuleiro.

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Preparação simples

Quando as peças acabam e a segunda fase do jogo inicia, a movimentação se dá a partir da casa que possuir ao menos 2 peças em jogo.

Cada vez que um jogador coloca sua última peça em uma casa já ocupada por outras peças suas, ele(a) captura as peças da casa opostas no lado do tabuleiro do oponente. Ainda existem duas casas especiais que permitem encerrar seu turno.

Isso se repete até que as condições de encerramento do jogo aconteçam. Um detalhe interessante é que este é um abstrato em que pode ocorrer empate quando se cria um loop de movimentos, o que é raro.

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Exemplo de final de partida

Considerações finais
Bao e Onweso são considerados mancalas de quatro grau: se a mancala possui duas fileiras para movimentação e captura, aqui temos quatro fileiras e o dobro de atenção necessária.

Para quem tem facilidade com mecânicas de mancala e rondel, por exemplo, Bao represente um desafio maior, porém completamente alcançável em pouco tempo. Quem tiver dificuldades com o anterior, muito provavelmente também terá aqui em Bao. Enquanto as regras são simples de entender e em poucos turnos a movimentação é memorizada, a leitura do oponente e as possibilidades de estratégia a longo prazo são inúmeras.

Com isto posto, a demora nos turnos é bastante comum, salvo para quem possui facilidade com números: calcular a casinha onde a última peça vai cair no turno atual e até mesmo nos próximos turnos são habilidades que constituem uma estratégia comum para os mais ávidos pelos números. E essa estratégia geralmente é vencedora, porém isso não é regra!

Sem sombra de dúvida Bao representa um grande desafio, seja pela mancala de quarto grau, seja por necessitar de diversas partidas para começar a dominar as possibilidades de vitória e estratégia do jogo. Não é para todos, mas sem dúvida todos deveriam tentar!

Pontos positivos
– Regras simples em um jogo difícil
– Média complexidade que apresenta um ótimo desafio
– Jogo clássico e cultural que traz inúmeras possibilidades de vitória
– Produção da Mitra

Pontos negativos
– Difícil de se dominar
– Turnos demorados são comuns