Resenha – Ca$h ‘n Guns

“Um bando de gangsters acabaram de fazer o roubo do século, mas agora vem a parte mais difícil: dividir os itens roubados!” – Verso da caixa do jogo, versão brasileira da editora Redbox.

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Caixa do jogo

Cash’ n Guns é um jogo festivo muito divertido de autoria de Ludovic Maublanc (Conan, Cyclades, Mr Jack) que foi lançado originalmente em 2005 em sua primeira edição com a arte de Gérard Mathieu (Democrazy, Knightmare Chess). Já na segunda edição, que veio para o Brasil pela editora Redbox, a arte do jogo ficou por conta de John Kovalic (Munchkin, Unspeakable Words, Chez Geek). Esta resenha foi escrita com base na versão brasileira do jogo.

Mecânicas
– Ação simultânea
– Eliminação de jogadores
– Jogadores com diferentes habilidades
– Toma essa
– Coleção de componentes

Neste jogo o objetivo de todos os jogadores é sobreviver aos outros bandidos (oponentes) e além disso ser o mais rico na mesa! Depois de 8 rodadas, além de vivo, você precisa estar rico para ganhar a partida.

Os jogadores são todos bandidos (ou gansters para ficar mais chique!) em um armazém depois de um roubo bem sucedido. Querem dividir o roubo, mas ninguém chega à um acordo… então é hora de pegar as armas e decidir na bala!

A partida é dividido em oito rodadas onde cada rodada possui um “chefão” na mesa. Esse chefe é quem dita a ordem de turno daquela rodada. No começo do jogo todos recebem 3 cartas de “bang” (que são os tiros) e 5 cartas de “clic” (falso tiro) que é, basicamente, o blefe do jogo. Além, é claro, de um personagem que vêm com uma habilidade e também armas de espuma para apontar para os coleguinhas.

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Componentes do jogo

Cada jogador escolhe uma carta e coloca na mesa virada para baixo. O chefe da rodada conta até 3 e então os jogadores apontam as armas de espuma para uma pessoa que queiram eliminar da partida (mecânica principal do jogo). O chefe da rodada pode ordenar que um bandido mude de alvo, caso queira (essa é a vantagem de ser chefe!), porém não pode dizer para quem.

Uma vez que todos estejam com as armas apontadas, todos querem eliminar alguém da divisão do espólio (cartas de roubo) que será dividido entre os que permanecem “dentro” da divisão. Em uma segunda contagem, se um jogador abaixar sua arma de espuma, ele está fora da divisão e também está fora de atingir e eliminar um oponente.

Quando os jogadores revelam suas cartas, resolve-se o turno de acordo com a carta que cada jogador jogou:
– Se for uma carta click: Nada acontece
– Se for uma carta bang: O jogador alvo recebe um marcador de ferimento e está fora da divisão de roubo daquela rodada

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Cartas de bang e click

Possuindo 3 fichas de dano o jogador está fora da partida, perdendo automaticamente a partida. Por ter apenas 8 rodadas e possuir a mecânica de ação simultânea, Cash’ n Guns é um jogo rápido, porém requer certa tomada de decisões para saber quando atirar ou não atirar em algum oponente.

Quem sobra na divisão pode escolher uma das cartas abertas de roubo/saque na mesa, que variam de $1.000 a $20.000, ou seja, de 1 a 20 pontos. Além destas, também existem cartas de diamantes que dão ao jogador que mais tiver diamantes no final da partida a posse do marcador de diamante (grande!). Esse marcador vale $ 60.000. O jogo ainda possui cartas de pinturas que valem de acordo com a coleção que o jogador conseguiu criar durante o jogo: uma pintura vale $4.000, duas pinturas valem $12.000 e assim por diante até um máximo de 10 pinturas que valem $500.000. No meio destas cartas também existem cartas para curar ferimentos e de munição.

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Cartas de roubo

Depois de todas as cartas serem resolvidas cada um pega uma carta de roubo para si. Depois da oitava rodada, todos que ainda estiverem “vivos” somam seus roubos e quem tiver mais, ganha a partida! Em caso de empate, aquele com mais ferimentos ganha.

Diferença das edições
Da primeira para a segunda edição do jogo existem boas diferenças nas mecânicas e componentes do jogo, além de diferença na arte do jogo. São elas:

– A quantidade de jogadores que foi aumentada em dois na segunda edição, totalizando 8 possíveis jogadores em uma única partida;
– Além disso, na primeira edição existiam cartas de “Bang, bang, bang!” que agiam antes das cartas normais de “Bang!”. Estas foram removidas, o que trouxe mais equilíbrio ao jogo de forma geral;
– Os personagens agora possuem poderes diferentes, dando ênfase nas mecânicas aplicadas ao jogo;
– Na segunda edição existe a figura do “Chefe” que em cada rodada pode se valer de sua habilidade de mudança de alvo para não sofrer ferimentos;
– Em vez de apenas dinheiro, agora o roubo também consiste em diamantes, arte e outros. Além disso cada um escolhe um item na sua vez, ao invés de dividir o dinheiro uniformemente entre os bandidos.

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Considerações finais
O jogo Ca$h ‘n guns sofreu importantes mudanças da primeira para a segunda edição, porém todas são bem-vindas. Este é o tipo de jogo que entrega o que promete na caixa: diversão em poucos componentes com uma forma simples de jogar. É um jogo simples, rápido e muito fácil, até mesmo o manual possui pouquíssimas páginas.

Apesar do tema em si não ser algo novo, o jogo é bem ambientado em seus componentes e cartas. As armas de espuma dão um toque especial e também trazem já o primeiro motivo para risadas, piadas e “sacanagens” com o amigo. Entretanto, este também é um ponto negativo: considerando que a mecânica do jogo permite apontar para qualquer um, existe a possibilidade de um jogador ser eliminado logo na primeira rodada ou ser obrigado a sair da divisão para continuar jogando.

Em se tratando de eliminação, o ideal é sempre um “chefe” procurar ser justo para não eliminar alguém logo nas primeiras rodadas, nem deixar que a mesa faça o mesmo. Aliás, como nota pessoal, não recomendo jogar este jogo com pessoas mais sensíveis que por qualquer motivo vão querer incentivar a mesa a eliminar um jogador por nada. Um dos altos pontos de Ca$h ‘n guns é justamente a fluidez com que as partidas podem ter se todos jogarem para se divertir ao invés de querer eliminar alguém em específico só para ganhar o jogo. Convenhamos em português claro: ninguém gosta de jogar com gente babaca.

Os poderes dos personagens dão ênfase na mecânica de “tome isso” presente no jogo: roubar cartas, pegar dinheiro, trocar cartas e outros. Esses personagens podem ser ignorados para uma partida mais familiar e fácil ainda.

O blefe, é claro… Sempre deve usado e gera muitas risadas (mesmo não sendo obrigatório)! O número mínimo de jogadores não agrada muito (mínimo de 4), porém por ser um jogo festivo, não é algo que represente um problema.

Pontos positivos
– Muito fácil de ensinar, intuitivo e rápido
– A segunda edição traz um jogo mais equilibrado
– Jogo festivo onde o blefe não é obrigatório, diferente de outros títulos
– O chefe da rodada traz a possibilidade de mais equilíbrio ou “sacanagem” à partida
– A rejogabilidade é aumentada com personagens de poderes variados

Pontos negativos
– A mecânica permite perseguição à algum jogador, o que pode gerar uma eliminação rápida demais
– Número mínimo de jogadores é alto