Resenha – Teseu

“Após Teseu realizar seu feito e ficar famoso, não somente na Ilha de Creta, mas em todo o mundo, outros heróis desejaram sua fama. Os deuses recriaram o Labirinto de Creta e o Minotauro. Desde então desafiam novos heróis a derrotar a criatura mitológica.” – Manual do jogo

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Teseu é um jogo brasileiro criado pelo gaúcho Éderson Ayres e lançado em 2017 de forma independente através do grupo G10 Boardgames. A produção e comercialização é também independente, além da arte do jogo e toda a pesquisa envolvida para construção do mesmo.

Para esta resenha contamos com a ajuda especial do Fabrício Ferreira do canal After Match que emprestou o jogo, incentivando a construção da resenha. Obrigado! Fica aqui carinhosamente o vídeo onde o parceiro desse material aborda sobre o jogo, vale a pena assistir.

Mecânicas
– Rolagem de dados
– Rolar e mover
– Tabuleiro modular
– Toma essa
– Ação e movimentos programados

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Visão geral dos componentes

Em Teseu, cada jogador assume um herói que, assim como protagonista da história original, deseja derrotar o Minotauro. Para isso, precisa levar um artefato até o centro do labirinto, pegar a réplica da adaga de Teseu e derrotar o Minotauro. O jogo antes havia sido abordado aqui no blog com foco na sua produção, agora tem sua resenha!

A cada rodada o herói possui duas ações: uma que é se movimentar até 3 vezes por três casas ou espaços do tabuleiro e a outra que é utilizar uma das ânforas do jogo que são compradas na primeira fase do mesmo.

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Partida em andamento

Em se tratando de fases, o jogo é dividido em duas fases distintas. A primeira é a compra de ânforas dos deuses que contém diferentes poderes entre si, desde mais movimentação até mesmo mexer no próprio Minotauro! Sendo que os poderes mais interessantes certamente são os de poder mover as paredes do labirinto. A segunda fase é a movimentação em si, onde cada jogador(a) pode mover em até três espaços o seu herói.

Quando um jogador chega ao centro do tabuleiro, ele pega um artefato que trocará pela cópia da adaga de Teseu fora do labirinto afim de  enfrentar o próprio vilão para poder ganhar a partida. O encontro se dá quando algum jogador já com o marcador de adaga encontra a peça do minotauro em algum parte do jogo e assim a derrota do vilão acontece. Quem conseguir derrotar o minotauro vence imediatamente.

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As ânforas do jogo

Considerações finais
Essencialmente Teseu é um jogo familiar. Possui jogabilidade leve, regras simples e interessantes, além de pouca estratégia. O jogo é bem mais tático do que estratégico, ou seja, demanda mais decisões interessantes por partes dos jogadores do que uma estratégia definida para a vitória: Melhor mover o herói ou provocar um dano em um oponente com o Minotauro? Vale mais a pena garantir a movimentação de alguma parede ou poder andar mais casas? Essas e outras decisões são bem comuns e recorrentes durante uma partida.

A produção independente do jogo é um show à parte. Algumas peças lembram jogo mais antigos por sua qualidade, mas no geral são as peças (maioria!) de madeira MDF que trazem o brilho ao jogos. Tanto preparar o jogo quanto ver o mesmo já montado e pronto para começar a ser jogado é uma pequena brincadeira a parte, mesmo que um pouco demorada –  a releitura do manual neste ponto é comum. Cada peça é bem trabalhada nos formatos e cores. Para uma produção que fica longe das grandes editoras e fábricas (sejam elas nacionais ou não), Teseu é um jogo diferente que definitivamente eleva a qualidade de produção de peças de MDF para jogos de tabuleiros ficando atrás somente da experiente Mitra Criação que já faz jogos com o mesmo material há anos.

O jogo fica bem mais imprevisível com 5 ou 6 jogadores à mesa, quase se tornando um jogo festivo, porém também por esse motivo demora um pouco mais. Não que seja algo ruim, mas aqueles que prezam por partidas mais focadas e táticas não vão se agradar com mesa muito cheia, isto é, com mais quatro jogadores.

Por fim, a mecânica “toma essa” é bastante forte no jogo e pode não agradar a todos pelo mesmo motivo. Novamente, nada que seja algo ruim (e inclusive faz sentido na temática). O ponto do título é, sem dúvida, a possibilidade de usar as suas ações para mudar completamente o jogo para os oponentes e vice-versa!

Pontos positivos
– Jogo familiar de fácil aprendizado
– Tema diferente e bem explorado
– Componentes, arte e design de alta qualidade
– Demanda boas decisões sem tornar a partida maçante

Pontos negativos
– A preparação (setup) do jogo é demorada
– Com cinco ou seis jogadores cada partida tende a ser mais caótica, mesmo que mais divertida
– A mecânica de “tome essa” pode não agradar a todos