Resenha – Haru Ichiban

“Todos querem o perfume das flores, mas poucos sujam as suas mãos para cultivá-las.” – Augusto Cury

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Haru Ichiban é um jogo abstrato exclusivo para dois jogadores criado pelo veterano francês Bruno Cathala (Cyclades, Kingdomino) com a arte de William Aubert e Stefano Collavini, originalmente lançado em 2014. No Brasil o título será lançado pela Multiverso Jogos em parceria com a veterana ACE Studios. Esta resenha foi feita com base na versão brasileira!

Mecânicas
– Ação simultânea
– Construção a partir de modelo

O objetivo em Haru Ichiban é fazer a maior pontuação em no máximo cinco rodadas. Sendo jardineiros do império japonês, cada jogador(a) tem por missão criar combinações em diversas direções com as flores e nenúfares (plantas aquáticas) dentro do lago imperial.

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Visão geral das peças do jogo. Foto: Felipe Veiga

Cada um dos jogadores possuem algumas peças de flores numeradas onde, depois de uma escolha inicial, são reveladas simultaneamente. Quem tiver o maior número se torna, naquela rodada, o jardineiro mais “velho” e quem tiver o menor número, o mais “novo”. Dessa forma, sempre quem for o mais “novo” começa a jogar a partida através de uma planta nenúfar verde escura e o mais “velho” em qualquer planta do tabuleiro do jogo.

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Jogo pronto para começar a partida. Fotos: Allan Farias

Depois de jogar as flores iniciais, o jardineiro mais novo pode mover uma das plantas presente no jogo, inclusive empurrando as demais que estiverem em seu caminho caso queira. Após essa ação de movimento o jardineiro mais “velho” pode virar uma das plantas para o seu lado mais escuro, a fim de atrapalhar ou bloquear a pontuação do seu oponente.

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Linda trilha de pontuação. Foto: Allan Farias

Com isso, a rodada acaba e uma nova flor numerada deve ser escolhida para que a nova rodada comece. Assim, todos os passos são reiniciados até que alguém pontue. Em caso de flores numeradas iguais, os sapos entram em ação: as plantas em que estão vão florescer e nenhuma movimentação ou transformação para a cor escura acontecerá.

Uma vez que uma das configurações com as flores e plantas seja realizada (independente da pontuação), o tabuleiro é reiniciado na preparação original e então a partida recomeça. Quem fizer 5 pontos primeiro vence imediatamente.

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Exemplo de partida. Foto: Allan Farias

Considerações finais
Algo curioso em Haru Ichiban é que o nome tem relação direta com o tema e componentes do jogo, onde “haru” significa “primavera” e “ichiban” significa “primeiro”. Assim sendo, “Haru ichiban” refere-se ao primeiro sopro de vento quente que vem do sul do Japão entre o começo da primavera e o equinócio (período entre fevereiro e meados de março).

O título do autor veterano possui regras simples que se aprende em poucos turnos. Os movimentos de cada jogador são objetivos e nomeação de “mais velho” ou “mais novo” apenas serve para determinar quem vai jogar primeiro a cada rodada.

Existe uma profundidade grande principalmente na questão de virar as peças para que o próximo jardineiro mais “novo” comece. A mínima sorte fica por conta das flores numeradas, porém não atrapalha em nada, principalmente porque as ações (colocar em planta escura, colocar em qualquer planta vazia, movimentar e virar uma planta para o seu lado escuro) se comunicam com a estratégia do jogo de forma bastante eficaz, algo típico de jogos abstratos. Obviamente que prever os movimentos adversários se torna um diferencial.

Normalmente jogos abstratos não aplicam bem o tema, porém o autor conseguiu de forma satisfatória imprimir seu tema dentro da mecânica do jogo. A exemplo disso, o “vento da primavera” é o que movimenta as plantas pelo lago.

Por fim, o jogo é rápido o suficiente sem incomodar, algo incomum aos abstratos. Por ser rápido e relativamente mais leve, pode não agradar a todos os tipos de jogadores. Crianças conseguem jogar, mas a partida se torna outra contra jogadores já veteranos em jogos desse tipo.

Pontos positivos
– Simples de aprender e ensinar
– Boa aplicação do tema
– Ótima arte e componentes
– Profundo e estratégico sem ser demorado

Pontos negativos
– Relativamente leve o que pode não agradar a todos

Essa resenha contou com a colaboração de Allan Farias e Felipe Veiga. Obrigado!