Resenha – San Juan

“Independentemente da sua função no Novo Mundo, você possui um único objetivo: angariar a maior quantidade de riqueza e prestígio!” – Manual da Grow

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O jogo San Juan é um jogo de cartas baseado no famoso clássico moderno Puerto Rico (2002). San Juan teve sua primeira edição lançada em 2004 pelo autor de ambos os jogos, Andreas Seyfarth, e foi a segunda edição do jogo com as artes de Franz Vohwinkel (Pega em 6!, Puerto Rico, Tikal) que chegou ao nosso país pelas mãos da brasileira gigante Grow. Foi com base nessa segunda edição de San Juan já na versão em português da Grow que essa resenha foi feita.

Mecânicas
– Gestão de mão
– Ordem de fases variável

San Juan é um jogo que, assim como seu antecessor Puerto Rico, se passa em uma ilha do Caribe onde cada jogador precisa desenvolver seu jogo a fim de ganhar mais pontos de vitória através de plantações, compra e venda de mercadorias, construções e outros elementos do jogo.

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Visão geral dos componentes

No começo da partida cada jogador ganha uma mão de cartas variadas, além de uma carta de plantação de índigo. Aqui já começa a diferença básica quanto a Puerto Rico: enquanto no anterior os jogadores lidavam com peças (tiles) para o desenvolvimento do seu jogo e estratégia, San Juan é puramente um jogo de cartas, onde tudo que se constrói e também as mercadorias são cartas. Futuramente as diferenças serão abordadas no blog em uma postagem única.

Em cada turno, o jogador escolhe um papel para executar, onde ganha um bônus exclusivo, mas também afeta de alguma forma os oponentes. Os papéis são objetivos e desempenham funções diferentes entre si. São eles:

  • Construtor: Construir um prédio da mão de cartas;
  • Produtor: Produzir uma mercadoria em um local de produção do jogador;
  • Comerciante: Vender uma mercadoria já produzida, para ganhar cartas para sua mão;
  • Conselheiro: Pegar uma carta para colocar gratuitamente na sua mão;
  • Minerador: Pegar uma carta para si, individualmente, sem que os oponentes possam fazer. (diferentemente do Conselheiro)
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Os papéis ou funções que cada um pode escolher

Todas as funções ou papéis do jogo possuem um bônus para quem as escolhe, chamado de privilégio, porém todos os jogadores realizam aquela função, com exceção do minerador. Isso significa, na prática, que se a jogadora Ana escolhe a função de “produtor(a)” naquela rodada, ela produzirá com um privilégio exclusivo, porém seus oponentes podem também produzir alguma mercadoria. Além disso, ainda existe o papel do Governador que finaliza a rodada, verifica o limite da mão e outras informações menores.

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Plantações do jogo. Lembrou de Puerto Rico?

As cartas são basicamente utilizadas como dinheiro para criar as construções do jogo, de acordo com o custo de cada uma, assim como também criar novos locais de produção dos bens do jogo (índigo, açúcar, tabaco, café e prata). Porém, além de construir e comporem a mão de cada jogador, as cartas também desempenham papéis diferentes entre si. Existem aquelas que melhoram as funções de cada papel/função (minerador, construtor, etc) para um jogador individualmente, algumas permitem fazer pontos de vitória através de habilidades específicas, outras permitem vender mais ou produzir mais. Os efeitos são diversos!

No jogo as partidas continuam até que alguém tenha construído a décima segunda carta. Nesse caso, com o término imediato da partida, todos contam seus pontos para ver quem ganhou. As construções por si só valem pontos, assim como as especiais que possuem formas de pontuação únicas.

A versão brasileira da Grow já vem com a expansão Novas construções que adiciona novas cartas de construções com efeitos diferentes.

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Cartas da expansão

Considerações finais
San Juan é um jogo simples e ao mesmo tempo bastante inteligente. Um redesenho do título anterior, Puerto Rico, onde temos basicamente um jogo de cartas com quase todas as estruturas do jogo anterior, além de algumas adições. O uso das cartas é bastante objetivo, o que facilita o entendimento das mesmas rapidamente. Isso, aliado às mecânicas do jogo, é o suficiente para fazer com que ele funcione em qualquer número de jogadores, além de o tornar mais dinâmico que seu antecessor.

Em se tratando de mecânica, novamente Andreas acerta no uso eficiente da seleção de papéis e na enorme quantidade de cartas que construções, o que permite diversas estratégias rumo à vitória em cada partida, fora a sinergia particular de algumas cartas presentes em jogo. Conforme a experiência dos jogadores aumenta, maior é o conhecimento dos pequenos combos de cartas dentro do título. Certamente, um título que serve de porta de entrada dos leves para os jogos de média complexidade.

As semelhanças com um outro jogo chamado Race for the galaxy são várias, principalmente no que tange a mecânica de ambos, apesar deste último ter sido lançado posteriormente. Há quem goste do tema de um ou de outro, ou ainda da dificuldade maior (e iconografia mais complexa também) presente em Race.

Claro, algo bem fundamental a se notar é que, quem não gostou de Puerto Rico certamente não vai gostar de San Juan. O tema do jogo é praticamente o mesmo, além da arte ser lembrar bastante o anterior.

As partidas se tornam mais táticas do que estratégicas conforme o número de jogadores aumenta, ou seja, as cartas de tornam mais valiosas no momento que são adquiridas e a decisão de descartar ou não construir algo em prol de outra carta pode pesar bastante, principalmente em partidas que estão no meio (seis cartas) para o final. Não que seja algo ruim necessariamente, mas é algo a se considerar.

Existe sorte quanto à “carta que deveria aparecer na mão”, mas porém não é algo grave.

Pontos positivos
– Excelente “porta de entrada” para jogos de média complexidade
– Alta rejogabilidade com bastante conteúdo em cartas
– Mecânicas bem ajustadas ao tema
– Alternativa à Puerto Rico em um jogo mais dinâmico de forma geral
– Funciona em qualquer número de jogadores, mesmo elevando sutilmente a dificuldade

Pontos negativos
– Tema próximo de Puerto Rico, o que pode não agradar a todos
– Sorte presente na compra de cartas