O que foi o segundo concurso de protótipos da Game of Boards

No mês de julho, mais precisamente no dia 01/07, aconteceu o segundo evento de protótipos da loja Game of Boards, uma das mais influentes e bem equipadas do estado do Rio de Janeiro. A GoB, como é conhecido por seus clientes e parceiros, hospedou o evento com o máximo de infraestrutura e bom atendimento possível e eu pude comparecer ao mesmo do começo ao fim.

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O evento visa promover jogos de tabuleiro nacionais no próprio mercado nacional, dando espaço para que novos criadores de jogos (ou game designers, como alguns gostam de chamar) possam demonstrar suas criações para editoras e profissionais do meio. Diferente da primeira edição (ocorrida em 05/02/2017), onde houve, de forma geral, uma procura menor por parte de empresas, jogadores, criadores de jogos e afins, a segunda edição evento contou com uma ótima quantidade de pessoas interessadas e profissionais do meio.

Nessa segunda edição participaram diversas editoras, dentre elas as parceiras do blog Redbox, Arcano Games e Pensamento Coletivo, além de outras. Seus diretores estavam lá, assim como também profissionais do meio. Também estava presente o canal After Match.

O evento contou com dois debates de profissionais envolvidos na criação de jogos de tabuleiro e também com as editoras participantes, onde o público pode participar com algumas perguntas. A competição do concurso girava em torno de avaliações por meio de ficha impressa que os jogadores preenchiam para dar notas aos protótipos que haviam jogado. Além disso, um juri técnico composto por profissionais de editoras e outros convidados (aos quais, infelizmente, ninguém do blog Meeple Divino foi convidado) também avaliou de forma separada os protótipos participantes. Com essas duas avaliações, os prêmios em créditos da Game Maker, um espaço de exposição dos jogos no evento Diversão Offline – em agosto! – e um troféu muito bacana foram as premiações dos vencedores de acordo com a nota final do juri técnico e também com as notas finais do público para o primeiro, segundo e terceiro colocado.

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As editoras participantes e também juri técnico

De todos os jogos submetidos ao evento, apenas 12 foram selecionados, um bom número. Dos doze, apenas 4 seriam premiados, considerando que não houvessem repetições. Porém, o jogo Cangaço, do carioca Sanderson Virgolino, levou o primeiro lugar do juri técnico e também o primeiro lugar do juri popular! Portanto, em suma, Sanderson ganhou créditos para criar protótipos com maior qualidade na Game Maker, um espaço para demonstração de seus jogos nos dois dias de evento do Diversão Offline, dois troféus bem elaborados, além de muita comemoração de todos os participantes – inclusive concorrentes – do evento.

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Premiação com a participação do pessoal da Geek Carioca

Por fim, porém não menos importante, a empresa Geek Carioca que organiza o evento Diversão Offline ainda anunciou que durante o seu evento, em agosto, acontecerá uma votação popular e o vencedor ganhará 1000 reais de créditos caso abra uma campanha de financiamento coletivo do jogo demonstrado na plataforma Catarse. Uma ótima iniciativa!

Ficam aqui as impressões pessoais do jogos que tive oportunidade de jogar dentro do tempo de avaliação do concurso que durou 5 horas no total.

Rodrigo Rego – Mi casa, su casa
Um jogo pronto ao mercado, em protótipo de Mi casa, su casa cada jogador está construindo um prédio no subúrbio brasileiro e precisa colocar peças com duas janelas cada uma pena que terá seu tema modificado para algo mais fantasioso por já ter sido fechado com uma editora estrangeria. A mecânica é super agradável, fácil de entender e jogar e inclusive, bem fácil de se produzir. Tinha boas chances de ganhar e merece futuramente uma expansão com maior conteúdo.

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Mi casa, sua casa – Rodrigo Rego

Sanderson Virgolin – Cangaço
Um jogo também pronto para o mercado, porém com tema de uma região tão rica em história no Brasil, o que já é algo novo no mercado de jogos brasileiros, já que existem tão raros jogos conhecidos que exploram a nossa cultura e história. Cangaço possui gestão de mão, coleção de componentes e é um produto muito fácil de aprender e ensinar. Para mim merece ser jogável para 6 jogadores, não somente 4, o que possivelmente ainda aponta necessidade de finalizar o produto.

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Cangaço – Sanderson Virgolino

Roberto Pinheiro – Teothuacan
Um jogo muito bacana, mas muito burocrático: existe a necessidade de se fazer muito para se obter pouco. Por exemplo, existem ferramentas e elementos demais que não são sequer usados no jogo e as dúvidas são recorrentes. Apesar da explicação objetivo e bem feita pelo autor, existe um espaço grande para dúvidas, dados tantos regras em jogo. Tem um ótimo potencial, mas ainda precisa de mais refinamento.

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Roberto Pinheiro – Teothuacan

Rocky Gabardo – Ei! Devolvam minha vaca!
Um dos títulos mais divertidos do evento! Devolvam minha vaca é um jogo para não somente “sacanear o amiguinho”, mas praticamente perseguir o amiguinho na mesa. Ainda precisa de um certo refinamento quanto aos pontos das marcações no pasto (praticamente o alvo de todos os jogadores na mesa), pois em vista disso outros elementos acabam sendo descartados rumo à vitória.

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Rocky Gabardo – Ei! Devolvam minha vaca!

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O evento teve uma melhor infra estrutura e isso foi o principal ponto positivo. A retirada da arquibancada do local fez toda a diferença, além do café da manhã caprichado e melhor aproveitamento do espaço para demonstração dos jogos. Acho que espaço para falar com as editoras, assim como o convite às menores, deveria ser melhor aproveitado, pois ficou bastante claro que tanto o processo de criação de jogos quanto o contato com as editoras é algo ainda MUITO nublado nosso mercado.

A Game of Boards acerta mais uma vez em hospedar no seu espaço um evento desse porte que tem todo o potencial necessário para crescer. O mercado de jogos de tabuleiro ainda necessita de mais eventos que apoiem tanto as empresas quantos os profissionais envolvidos, o que, nessa “categoria” esse se encaixa muito bem.

Um ponto a ser levantado desde a primeira edição do evento é a falta de transparência em como se dá o processo de avaliação dos candidatos, tanto do juri técnico quanto do popular. Foi comum surgirem dúvidas no evento sobre essa questão.

Fico muito feliz com a oportunidade de ter participado do evento e espero que novos ocorram. Muito sucesso!