Resenha – Oh my goods

“Em Oh My Goods!, assuma o papel de um trabalhador na produção de bens como barris, ferro, tijolos, vidro, alimentos, roupas e outros, decidindo o que, quando e como produzir.” – Manual, página 1, versão brasileira pela Paper Games.

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Caixa do jogo, versão brasileira. Imagem: Divulgação

Este é um jogo lançado em 2015 pela editora alemã Lookout Games. Oh my goods! é criação do já famoso por terras brasileiras Alexander Pfister (Port Royal, Mombasa, Isle of Skye) e com a arte de Klemens Franz (Agricola, Bohnanza, Caverna). No Brasil foi lançado em 2017 pela editora Paper Games e esta resenha é com base na versão nacional.

Mecânicas
– Gestão de mão
– Ação programada
– Colecionar componentes
– Force sua sorte

Oh my goods! é essencialmente um jogo de cartas onde os jogadores, enquanto “artesãos”, são responsáveis por produzir bens e também pela produção através de cadeias de produção: é aí que se encontra o diferencial do jogo.

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Imagem: Manual do jogo

Cada jogador começa somente com uma carvoaria e 7 cartas da mesma, onde cada uma possui o valor 1 moeda cada. Ou seja, o jogador começa com 7 moedas no jogo (7 bens que valem 1 moeda cada) e 5 cartas na mão. Essa informação do valor de cada bem em cada estabelecimento é extremamente importante em toda a partida.

Em cada estabelecimento de produção existe a informação do que é necessário para iniciar a produção (à esquerda) e do que é necessário para a iniciar a cadeia de produção daquele local (direita). No exemplo da Carvoaria (imagem), o jogador precisa de 2 unidades de trigo e 1 uma unidade de madeira para a produção e essas unidades podem vir tanto do mercado do jogo quanto da mão do jogador. Após iniciada a produção, o jogador pode se utilizar de cartas da mão que possuem aquele bem (no caso do exemplo, madeira) para dar início à cadeia de produção e criar mais bens daquele estabelecimento (no caso do exemplo, mais unidades de carvão).

Dada esta informação crucial é possível agora dar uma visão geral do jogo. As rodadas são divididas em 4 fases:

  • Nova mão de cartas: Todos ganham 2 cartas novas (ou mais, se possuírem cartas de “guilda”);
  • Nascer do sol: Início do mercado de bens que podem ser usados para produzir, onde também se aloca os trabalhadores nos estabelecimentos e se decide sobre construir ou não novas cartas;
  • Pôr do sol: Final da criação do mercado;
  • Produção e construção: Verificação do que o mercado dispõe, pagamento do custo de construções e renovação das cartas para a próxima rodada.

A rodada se inicia com os jogadores ganhando suas novas cartas e com o mercado sendo iniciado. O mercado recebe cartas abertas até que dois meio sóis apareçam. Quando isso acontece, todos decidem onde alocar seu trabalhador pessoal, que pode ser alocado de forma a trabalhar atento ou distraído. Claro que quem trabalha com atenção produz mais (né?).

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Cartas de trabalhadores e assistentes. Foto: BGG

Depois dessa disposição inicial do mercado, os jogadores também podem realocar seus trabalhadores e/ou assistentes (que podem ser adquiridos no decorrer do jogo), decidem o que vão construir e a rodada segue para a construção do mercado “final”, até que dois meio sóis apareçam novamente. Daí os jogadores produzem somente onde alocaram seus trabalhadores/assistentes, pagam o custos das construções e as cartas do mercado são descartadas depois.

Assim como tratado anteriormente, os estabelecimentos de produção possuem de cadeia de produção, porém a mesma só pode ativada quando os bens para a produção normal estão ou no mercado ou são descartados da mão do jogador. Afinal de contas, toda “cadeia” de produção precisa de um início e de insumos e o jogo coloca isso de maneira bem inteligente e simples em sua mecânica.

Por fim, quando um jogador construir 8 cartas de produção (não as de fundo cinza), a partida termina na rodada seguinte. Quem tiver mais pontos de vitória no somatório de suas construções, assistentes e também na conversão do dinheiro em pontos de vitória ganha o jogo.

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Cartas de construção

Considerações finais
Este é um jogo que considero como elegante no sentido que é utilizado no meio dos jogos de tabuleiro: profundo sem ser complexo. Existe várias pequenas estratégias que podem ser utilizadas para a vitória, porém o jogo em si é simples de aprender e jogar.

A arte das cartas, o design das mesmas e também a aplicação das mecânicas são excelentes. Depois de uma leitura inicial do jogo é fácil de entender a função de cada carta e onde melhor utilizar as mesmas. Todos os ícones, cores e formas são bem claros e concisos.

Existe sorte no jogo, o que deixa alguns jogadores bastante frustrados: o mercado. Este mercado pequeno e simples pode ser o fator determinante para que alguns jogadores precisem descartar boas cartas que pretendiam construir futuramente ou simplesmente ficar sem produzir nada… E, logo, também não dar início às suas cadeias de produção. Por um outro lado, também é possível existir na mesma partida algum outro jogador sortudo que vai conseguir construir e produzir tudo em quase toda rodada, o que leva à outra característica incômoda para alguns jogadores… O final da partida.

Considerando a necessidade da construção de apenas 8 cartas de produção para finalizar a partida, não é incomum ver alguém acelerando a partida, sempre com pressa de construir algo para que sua pontuação possa se manter à frente dos oponentes. Como não existe forma de interagir diretamente com o jogo dos outros, não há muito o que se fazer. Na opinião deste resenhador, isso não é um fato que incomoda de forma geral, pois as rodadas fluem muito bem entre produzir e construir.

Para um filler barato (tanto aqui quanto lá fora), o jogo entrega o que promete: diversão de 30 minutos. Muitas vezes em menos tempo. Um prato cheio para novatos, mas principalmente para jogadores medianos, já com alguma experiência em jogos de tabuleiro.

A produção brasileira perde em absolutamente nada para a produção internacional, pelo contrário, conta com uma caixa com maior firmeza, grossura e possibilidade de se guardar o jogo já com as cartas com sleeves.

Pontos positivos
– Jogo inteligente em sua mecânica e componentes, simples de jogar e ensinar
– Possibilidade de várias estratégias para vitória sem regras complicadas
– Iconografia objetiva e direta que permite entendimento rápido das cartas
– Versão nacional com preço atraente e qualidade de material (caixa) superior
– Jogo com boa fluidez nas rodadas

Pontos negativos
– Envolvimento de muita sorte no mercado de bens, tanto final quanto inicial
– Descarte de cartas para produção pode ser frustrante (mesmo não sendo nada grave)
– Falta interação com os oponentes, mesmo sendo um jogo que flui bem em cada rodada